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Codevida diz que não é 'depósito de cachorros'
 

Centro de Defesa à Vida Animal enviou esclarecimentos sobre a atividade do órgão para inibir o abandono de animais nas ruas, em sua maioria, doentes

14 de janeiro de 2015
 

 

Parece que virou senso comum na cidade chamar de canil o Codevida (Centro de Defesa à Vida Animal), órgão ligado à Secretaria Municipal de Gestão Ambiental, da Prefeitura de Formiga. No entanto, diferentemente da opinião da maioria dos formiguenses, o Codevida “não é um depósito de cães”, conforme informou a coordenadora do órgão, a veterinária Camila Azevedo.

Canil, conforme seu significado denotativo (sentido real), é uma instalação destinada ao abrigo e contenção de cães. Mas não é essa a função do Codevida, segundo a coordenadora. O órgão foi criado, em 2012, com o objetivo de tratar animais de rua doentes, que ao serem recuperados são encaminhados novamente para onde viviam, e para ser um local destinado às castrações de cães e gatos.

A reportagem foi ao Codevida conhecer a realidade do local e ouvir a veterinária. Camila Azevedo relatou que recebe muitos telefonemas de pessoas querendo se desfazer de seus cachorros e até ameaças de abandono caso o animal não seja recolhido e levado para o órgão. Segundo ela, em média, são atendidos 15 telefonemas por dia sobre agendamento de castrações, denúncias de maus-tratos e, a maioria, informações de cães que foram abandonados nas ruas.

Outro detalhe que chama a atenção, de acordo com a veterinária, é que os animais doentes ou maltratados que chegam ao Codevida para tratamento são mestiços de cães de raça ou possuem raça pura, o que prova que eram animais cuidados, que viviam domesticados e possuíam um dono/tutor. “Outro dia resgatamos um cão da raça dálmata. Estava com sarna [doença contagiosa] pelo corpo todo, cheio de pulgas e carrapatos. Dava dó ver o estado do cachorro. Esse animal foi abandonado por algum irresponsável. As pessoas não podem abandonar seus animais porque estão doentes ou porque não querem mais eles. Isso é crime e deve ser denunciado”, ressaltou Camila.

Além do dálmata, que ainda está em tratamento, há outros cachorros de raça sendo cuidados no local, entre eles, um pinscher, um poodle e um cão mestiço de pastor alemão.

A coordenadora do Codevida também citou o caso recente de uma cadela que vivia nos arredores da Caixa Econômica Federal e que sofreu queimadura no pescoço, provavelmente, por algo quente lançado contra o animal. Segundo ela, é a segunda vez que a cadela é levada ao Codevida após receber maus-tratos na rua. “Algumas pessoas provocam o ferimento nos animais e a Prefeitura é que é responsabilizada. Isso está errado. Fazemos o que está dentro do nosso alcance. As pessoas precisam se conscientizar e não maltratar ou abandonar animais. Cada um precisa fazer sua parte”, enfatizou.

“Como foram capturados muitos cães para tratamento, as seis baias onde os cachorros ficam temporariamente estão todas ocupadas. Assim que os animais forem se recuperando, serão soltos pelas ruas novamente e o espaço será liberado para outros cães doentes”, informou a veterinária.

 

Apaf

 

A Apaf (Associação Protetora dos Animais de Formiga) também procurou o jornal para esclarecer diversas dúvidas da população quanto ao funcionamento do Codevida, já que a associação tem recebido muitas reclamações sobre o atendimento do órgão e, além disso, muitos animais doentes têm sido abandonados nas ruas. “As pessoas estão se queixando que o Codevida não recolhe todos os animais de rua. Queremos ressaltar que o órgão não tem estrutura física nem financeira para isso. O local não é um canil nem um hospital veterinário. Então, não adianta abandonar animais nas proximidades do local ou levar ninhadas de cães e gatos, porque eles não poderão ser recolhidos. Não há espaço para todos os animais doentes e atropelados na cidade. O que todos devem fazer é castrar seus animais e se responsabilizar por eles. Nesse aspecto, a Apaf vem auxiliando bastante os formiguenses ao desenvolver o programa de castração com baixos preços ou, até mesmo, gratuitamente para quem não têm condições financeiras para pagar. Por isso, não há desculpas em deixar de castrar seus animais”, enfatizou a presidente da associação, Márcia Alves.

 

Castração

 

O objetivo da castração é controlar o crescimento da população canina e felina das ruas da cidade, evitando a proliferação de doenças, crias indesejadas e abandonadas. Desde 2012, quando a Apaf começou a desenvolver o programa de castração em cães e gatos, quase dois mil animais já foram castrados, evitando o nascimento de mais de 30 mil animais nas ruas. De acordo com uma estatística divulgada pela associação, para cada gata castrada, deixam de nascer 45 filhotes por ano e, para cada cadela castrada, são 15 a menos. 

A Apaf e o Codevida trabalham em parceria junto a outros órgãos, como o Ministério Público, que envia para a associação verbas provenientes de multas ambientais e transações penais; a Associação Regional de Proteção Ambiental de Divinópolis (Arpa II), que cedeu em sistema de comodato o veículo utilizado na captura de animais de rua para serem castrados no Codevida ou levados para tratamento veterinário em clínicas particulares; e o Unifor, que envia alunos do curso de medicina veterinária para auxiliar nas castrações.

De acordo com a presidente da Apaf, a maioria dos tratamentos realizados no Codevida é custeada por meio de verbas, adquiridas pela associação, provenientes de doações e, recentemente, com o dinheiro arrecadado com a venda de acessórios para animais e camisetas.

Márcia Alves ressalta que a situação financeira da associação é precária e que tem feito diversas campanhas para arrecadar dinheiro e dar continuidade às castrações. “Nós, da Apaf, utilizamos o Codevida para fazermos as castrações, pois, os funcionários de lá nos ajudam na captura dos animais de rua e, como o local possui algumas instalações, os animais ficam presos até serem castrados, mas logo após se recuperarem da anestesia são devolvidos para as ruas”, explicou.

Ela acrescentou ainda que só as castrações diminuirão, a longo prazo, o número de animais nas ruas. Destacou também que abrigos e canis não funcionam. Um dos motivos é que esses espaços acabam se transformado em depósito de animais, como já foi constatado em canis de outras cidades, como o que aconteceu no canil municipal de Campo Belo, onde animais morriam de fome e até praticavam atos de canibalismo. “Se você vir um animal doente pelas ruas, tome você mesmo as providências cabíveis. Deixamos o espaço virtual da associação no Facebook aberto, cujo endereço é Apaf Formiga, para colocarem fotos, bem como notas fiscais para ajudar nos custos do resgate e tratamento”.

 

Denúncias

 

A Apaf e o Codevida recebem, quase que diariamente, denúncias de maus-tratos a animais. Quem presenciar alguma situação de maus-tratos pode denunciar ligando para o Ministério Público (3322-8107), Polícia Ambiental (3322-1454) ou enviando mensagens pelo Facebook: Apaf Formiga.

A Apaf esclarece que violência contra animais é crime ambiental tipificado no artigo 32 da Lei 9.605/1998. O agressor pode pegar pena de detenção de três meses a um ano, inclusive multa.

 

 

Fonte: Jornal O Pergaminho

O Codevida é um local destinado às castrações em cães e gatos

Camila Azevedo, coordenadora do Codevida: Fazemos o que está dentro do nosso alcance. As pessoas precisam se conscientizar e não maltratar ou abandonar animais. Cada um precisa fazer sua parte

A presidente da Apaf, Márcia Alves: Somente as castra- ções diminuirão o número de animais nas ruas. O que todos devem fazer é castrar seus animais e serem responsáveis por eles’

Cão da raça dálmata, que está em tratamento no Codevi- da, foi abandonado na rua com doença de pele contagiosa

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