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16 gatos são mortos de forma violenta em Formiga-MG
 

Cuidador dos animais está revoltado com a matança; crimes já foram registrados em Boletim de Ocorrência e documentos enviados à Promotoria de Meio Ambiente 
 

30 de janeiro de 2015
 

 

A Rua Expedicionário Jorge Alvarenga, no Centro, virou um cenário de terror e crueldade desde que 16 gatos foram encontrados mortos, a maioria mutilada, dentro da residência de número 147 da via.
A casa onde os gatos assassinados viviam não é habitada por moradores. O imóvel pertence à família do cuidador dos animais, o professor Evandro Arantes Soares, que vive na Rua Floriano Peixoto. Ele procurou o jornal para relatar os assassinatos em massa dos gatos.
As mortes começaram no final do ano passado. Evandro contou que ao, chegar à casa para alimentar os felinos, por volta das 17h30, deparou-se “com uma verdadeira chacina de animais ensanguentados e mortos, no total de oito felinos mutilados, espalhados pelo piso do porão e da garagem”. Essas informações estão documentadas no Boletim de Ocorrência de número M2575-2014-0011238, lavrado pela Polícia Militar.  O documento foi enviado à Promotoria de Meio Ambiente juntamente com as diversas fotos que mostram “uma verdadeira cena de terror”, como disse o cuidador.
Pelas lesões encontradas nos corpos dos gatos, Evandro acredita que tenha sido utilizado um “objeto esmagante” contra os animais. Também há perfurações semelhantes a balas vindas de arma de fogo, conforme explica o cuidador. “Chama a atenção o sangue esguinchado a um metro de altura no portal do porão, que só pode ter sido lançado a essa altura por um objeto esmagante, sendo desferido a golpes de força”, relata.
A violência contra os gatos voltou a se repetir, também de forma cruel, nos dias 16 e 23 deste mês. Ao todo, outros oito felinos foram encontrados mutilados. Alguns animais sofreram esmagamento na face e no corpo, tendo as vísceras expostas. Também havia perfurações, provavelmente de projétil de bala. Havia ainda gatos com características de envenenamento.
Para Evandro, a chacina contra os animais aconteceu pela madrugada, ao amanhecer do dia, já que durante a noite seria difícil encontrar os felinos e durante o dia despertaria a atenção de vizinhos. “A janela do quarto da vizinha fica a cerca de cinco metros do local onde os gatos foram mortos. Ficamos sem entender como isso pode acontecer sem que ninguém tenha percebido nada de anormal”, enfatizou.
Em todas as ocasiões em que os gatos foram encontrados mortos, o portão do porão, que sempre permanece fechado, segundo Evandro, estava escancarado. “A chacina do dia 23 deste mês teve requintes de crueldade. Um gato estava estirado de bruço e todo mutilado, outro teve as vísceras expostas e no porão havia sangue por todo lado. Fiquei até as 22 horas desse dia lavando sangue e trocando caixas e panos de dormir dos gatos”, relatou.
Evandro disse estar “bastante preocupado” com a situação, pois ainda restam 16 gatos que vivem na casa. Ele teme que os assassinatos em série continuem e mais animais sejam mortos cruelmente. O cuidador pede o auxílio das autoridades competentes para investigar o caso e punir os responsáveis pelos crimes.

 

Reprodução dos gatos
Os gatos são animais extremamente férteis e se reproduzem com muita facilidade. Normalmente, as ninhadas têm entre quatro e cinco filhotes, mas podem chegar a oito. Um casal de gatos pode gerar, em sete anos, cerca de 420 mil descendentes, conforme entidades protetoras dos animais.
Durante a reportagem, Evandro falou sobre a necessidade, urgente, de castrar os gatos que vivem na residência da sua família. Como são muitos e o valor das castrações é alto, o cuidador não tem condições de arcar com as despesas, pois já gasta muito comprando ração. Ele pediu ajuda às associações protetoras e ao Codevida (Centro de Defesa à Vida Animal), órgão ligado à Prefeitura de Formiga, onde são realizadas as castrações de animais de rua.
Procurada pela reportagem, a Apaf (Associação Protetora dos Animais de Formiga) disse que vai estudar uma maneira de castrar os animais e, assim, evitar o nascimento de mais gatos.  No entanto, a associação, que é uma organização não governamental, portanto, sem fins lucrativos, está sem verbas para dar continuidade ao programa de castração. Para arrecadar dinheiro, a Apaf vem realizando campanha em sua página no Facebook e vendendo camisetas. Segundo a entidade, todo o dinheiro utilizado para auxiliar os animais vem por meio de doações e de verbas provenientes de multas ambientais e transações penais do Ministério Público. Também há um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a Prefeitura para que seja repassada verba para as castrações. De acordo com a associação, o dinheiro ainda não foi liberado.
Desde 2012, quando a Apaf começou a desenvolver o programa de castração em cães e gatos, quase dois mil animais já foram castrados, evitando o nascimento de mais de 30 mil animais nas ruas. De acordo com uma estatística divulgada pela associação, para cada gata castrada, deixam de nascer 45 filhotes por ano e, para cada cadela castrada, são 15 a menos.  A associação trabalha em parceria com o Codevida e o Unifor.

 

Crime ambiental
A Apaf esclarece que violência contra animais é crime ambiental tipificado no artigo 32 da Lei 9.605/1998. O agressor pode pegar pena de detenção de três meses a um ano, inclusive multa. Ainda segundo a associação, os protetores de animais estão em alerta e qualquer ação violenta contra gatos e outros animais será devidamente denunciada no Ministério Público.
Quem presenciar alguma situação de maus-tratos pode denunciar ligando para o Ministério Público (3322-8107), Polícia Ambiental (3322-1454), ou enviando mensagens pelo Facebook: Apaf Formiga.



 

Fonte: Jornal O Pergaminho, edição 4040, 30 de janeiro de 2015

Gatos foram encontrados mutilados, com perfurações por bala nos corpos e com características de envenenamento
 

O professor Evandro Arantes Soares diz estar assustado com as mortes
 

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